O fim de um começo

Quando nós formamos, no fim de 1986, éramos jovens cheios de energia, ansiosos por procurarmos nosso espaço na sociedade. E nesta ansiedade, muitos correram sem olhar para trás, ingressando em universidades, conquistando postos, iniciando carreiras e famílias; e mantendo contato apenas com os amigos mais próximos.

Fizemos comemorações nos 5 anos de formatura, nos 10 e 15 anos, mas elas se restringiram àqueles que ainda conseguíamos localizar, em um mundo sem Facebook nem celulares baratos.

Mas o tempo passa, e a saudade aparece, e os recursos tecnológicos evoluem

O reencontro

Em meados de 2014, um grupo de alunos teve a brilhante ideia de reencontrar todos os demais, criando um grupo no WhatsApp que permitisse uma comunicação rápida com os amigos perdidos. E assim, de um em um, conseguimos reunir mais da metade dos amigos que se conheceram entre os anos de 1980 e 1986 no Colégio Militar de Brasília.

Para não ficar apenas no mundo virtual – afinal, somos “das antigas”, e preferimos a conversa cara a cara – passamos a nos encontrar mensalmente. O Aluno Trindade, um dos colegas que iniciaram o movimento de reunião da turma, transformou a sua casa no nosso QG, onde periodicamente reencontramos os velhos amigos, alguns que vimos a pouco tempo, mas sempre aparecem os “bichos”, alguns sumidos há mais de três décadas, mas que são sempre recebidos com braços abertos. Braços abertos e surpresa de vermos como aquele magricelo cabeludo muitas vezes se tornou gordo e careca, ou como aquele outro não mudou nada, apesar de tanto tempo.

Quando conversamos a surpresa é ainda maior: saber que um se tornou palestrante internacional, que outro se tornou um astro da música, ou que outros tantos já estão reformados, após atingirem o posto de coronel, é sempre um choque.

Na verdade, não um choque, uma revelação

Para a vida inteira

Uma revelação que nos recorda que, mesmo com altos e baixos, conseguimos construir uma vida, fizemos e estamos fazendo diferença para tornar o Brasil um país melhor.

E que, talvez até mais importante que isso, como a profecia do Coronel Macedo, temos amigos para a vida inteira.

Amigos que estarão sempre ali, para comemorar junto conosco nossos sucessos, para chorar junto conosco nossas dores, para partilhar um braço forte e uma mão amiga sempre que precisarmos.

E também, é claro, para falar besteiras, “zoar” da cara do outro, discutir sobre pontos de vista diferentes para depois se abraçar, rindo, dos pontos de vista em comum.

Porque amizade é isso mesmo. E é para sempre!